A Polícia Federal apontou que não há indícios robustos que liguem o ex-governador Pedro Taques (PSDB) às escutas clandestinas existentes em Mato Grosso. O esquema ficou conhecido como Grampolância Pantaneira e ganhou visibilidade após exibição em um programa de rede nacional.
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Conforme relatório da Polícia encaminhado ao ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell, os documentos, aparelhos e demais materiais apreendidos foram avaliados e os peritos não encontraram qualquer menção a Taques. A conexão do ex-governador acontece por suposição de que, devido à proximidade com que tais fatos ocorreram e as pessoas envolvidas, os crimes teriam sido cometidos com o conhecimento do ex-chefe do Executivo, narra o documento.
O relatório aponta que foi o ex-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, quem comprou o aparelho usado nas escutas e que tal ferramenta foi operada pelo cabo Gerson Correa. Era Gerson quem assinava os relatórios das escutas obtidas por meio de “ barriga de aluguel”, quando nomes aleatórios são colocados entre alvos de investigações em processos. Dessa forma a autorização para escuta dos nomes de interesse do grupo é assinada pelo juiz responsável em meio a lista de investigados.
No documento, a Polícia Federal cita a participação do primo do então governador, Paulo Taques, como membro da organização criminosa.
Porém, afirma que analisadas 6 caixas de documento do Tribunal de Justiça (TJMT), inquérito que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e 13 caixas com bens apreendidos, não foram encontradas provas da participação de Pedro Taques.
O relatório esclarece que ainda há perícias em andamento em computadores e celulares, de forma que indícios do envolvimento de Taques podem ser encontrados.
“Nesse norte, conforme consta na informação policial, a exploração e o conhecimento do material impresso e do vasto conteúdo digital não apresenta objetos que possam caracterizar eventual participação do governador nos eventos apurados”, diz trecho do documento.
Em interrogatório perante o juízo da 11° Vara Criminal e Justiça Militar de Cuiabá, o policial Gerson afirmou que os primos Paulo e Pedro Taques “eram os donos do esquema”. Que ambos sabiam das escutas clandestinas e que incentivavam a prática para atender seus interesses.
No esquema, foram grampeados políticos, jornalistas, médicos e diversas outras personalidades de Mato Grosso.