Colíder - Quinta-Feira, 28 Mar 2024
(66) 9.9680-3949
Colíder News
Peter O Seu Portal de Notícias
Hora Certa
Camara Marco 2024 O Seu Portal de Notícias

Vítimas de dengue e chicungunha podem ter doenças neurológicas

Os distúrbios neurológicos encefalites e meningites, entre outros chamam a atenção pela gravidade, como o risco de morte e sequelas permanentes.

22 Dez 2019 às 17:54
Diário de Cuiabá

Uma pesquisa inédita evidencia o risco de doenças neurológicas, como encefalite e meningite, em pacientes com chicungunha e dengue. Realizada por cientistas da UFRJ e da UniRio, ela dá a dimensão da tragédia causada pela doença no município do Rio de Janeiro, onde os casos de chicungunha tiveram um aumento de 298% este ano.


Nada menos do que 16% das pessoas com chicungunha podem desenvolver doença neurológica, como encefalite, meningite e síndrome de Guillain-Barré, destaca a especialista em neurologia tropical Marzia Puccioni-Sohler, coordenadora do estudo e professora da UFRJ e da UniRio.


Marzia estuda a dengue desde 2002, quando se imaginava que as complicações neurológicas eram raras. A cientista frisa que hoje está comprovado que chicungunha, dengue e zika podem atacar o sistema nervoso ou provocar a reação do próprio organismo da pessoa infectada contra os neurônios.


O novo estudo é baseado em análises moleculares (PCR) e de anticorpos extraídos do líquor e do soro de 36 pacientes com distúrbios neurológicos atendidos no Rio. Os pacientes tinham de 23 a 75 anos e 66% eram mulheres. Todos adoeceram no período de 2014 a 2016 e tinham suspeita de infecção viral.


Através de refinados métodos de identificação viral, os cientistas viram que 11 dos 36 pacientes selecionados sofriam de distúrbios neurológicos graves provocados por vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Seis casos foram causados por chicungunha e cinco por dengue. Nenhum episódio de zika foi encontrado.


A amostra investigada é pequena, mas significativa. Ela foi definida pelos custos desse tipo de trabalho e pelo elevado nível de detalhamento das análises realizadas. O estudo mereceu publicação no periódico internacional “Neurology Clinical Practice”, uma das mais importantes publicações da área.


O risco de doença neurológica causada por dengue, que pode ser provocada por quatro subtipos de vírus, varia de 5% a 21%. Somada à chicungunha, a dengue 2, uma doença sabidamente associada a distúrbios no sistema nervoso, é a grande ameaça do verão.


“O percentual encontrado é muito elevado e extremamente preocupante porque o sistema de saúde pública falido não atenderá a muitos doentes. É um nível enorme de sofrimento. O mais trágico é que são doenças evitáveis. Ninguém precisaria estar exposto a esse risco”, ressalta Marzia.


Os distúrbios neurológicos — encefalites e meningites, entre outros — chamam a atenção pela gravidade, como o risco de morte e sequelas permanentes. Mas praticamente todas as pessoas que contraem chicungunha sofrem dores intensas que podem se prolongar por meses.


O Brasil caiu sob o peso da combinação explosiva — e mais do que alertada — de precariedade dos serviços de saúde pública, falta de saneamento e limpeza urbana adequada somados a um clima perfeito para o mosquito.
O calor onipresente com picos de chuva e estiagem propiciaram o criadouro ideal. O mosquito não poderia desejar lugar melhor para proliferar. E o fez com vontade.

O resultado está aí. Marzia destaca que a falta de limpeza urbana multiplica os criadouros. A ideia de que o Aedes só gosta de água limpa não passa de um mito, dos mais nocivos.


“O Aedes gosta de gente e de lixo. Ele procria em qualquer água parada, seja a da casa das pessoas, a do esgoto ou a acumulada no lixo”, assinala a cientista.


Previsão do Tempo - Colíder

°

Máxima: °
Mínima: °

Publicidades

Direitos Reservados |