O presidente Donald Trump deve indicar o senador Marco Rubio para comandar o Departamento de Estado, o posto mais alto da diplomacia dos EUA. A informação é do New York Times.
Rubio, eleito pela Flórida, é linha dura contra a China, Cuba e Venezuela.
Seria uma vitória política para Jair Bolsonaro, uma vez que o senador já elogiou fartamente o ex-presidente brasileiro.
Em um artigo que publicou no site da CNN em 2019, Rubio disse que a vitória eleitoral de Bolsonaro abria uma grande oportunidade para os Estados Unidos:
Para a paz e a estabilidade da região, é crucial que os Estados Unidos aproveitem esta oportunidade histórica para aproximar as duas nações mais populosas do Hemisfério Ocidental. Um Brasil forte, vibrante e democrático, mais estreitamente alinhado com os Estados Unidos como parceiro estratégico, pode ser um multiplicador de forças para enfrentar a crise em curso na Venezuela (onde o governo se deteriorou e há corrupção generalizada) e para combater as intenções malignas de regimes autoritários como a China, a Rússia e o Irã, que pretendem expandir a sua presença e atividades na América Latina.
Bolsonaro e Rubio tiveram um encontro oficial em março de 2020, na Flórida.
Depois que Donald Trump perdeu a eleição e Jair Bolsonaro foi derrotado no Brasil, Rubio se tornou uma espécie de porta-voz dos republicanos para assuntos da América Latina.
Em 2023, falando à Fox, Rubio fez críticas à relação do governo Lula com a China:
Ainda hoje, hoje, o Brasil, em nosso Hemisfério, o maior país do Hemisfério ocidental ao sul de nós, fechou um acordo comercial com a China. Eles vão, a partir de agora, negociar em suas próprias moedas para se livrar do dólar. Estão criando uma economia secundária totalmente independente dos Estados Unidos. Não poderemos falar sobre sanções dentro de 5 anos porque haverá tantos países negociando em moedas diferentes do dólar que não teremos a capacidade de sancioná-los.
O presidente eleito Donald Trump tem dito que o abandono do dólar cogitado pelos BRICS seria o equivalente a uma "guerra mundial" contra os Estados Unidos.
Sobre a Venezuela, Rubio sempre apoiou a derrubada do governo de Nicolás Maduro.
Ele criticou o governo Biden por fazer concessões a Caracas para viabilizar eleições este ano, cujos resultados foram contestados pela oposição:
O governo Biden-Harris afirmou que concessões ao regime de Maduro garantiriam um processo eleitoral ‘livre e justo’ na Venezuela, mas todos sabemos que foi uma farsa. As “estratégias” apresentadas por este governo nada fizeram senão capacitar o narcoditador Maduro e os seus capangas.
Como o Brasil vetou a entrada da Venezuela nos BRICS, os EUA terão maior facilidade no governo Trump para aumentar o cerco a Caracas.
O governo Maduro contava com uma parceria com o bloco para facilitar o drible nas sanções internacionais a que está sujeito.
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Se Rubio de fato assumir, deve pressionar o Brasil e se afastar ainda mais dos BRICS e da ideia de uma moeda paralela ao dólar. O presidente eleito Trump fez campanha prometendo usar tarifas para obter concessões políticas, econômicas e diplomáticas de outros países.