Fábio Carille não é mais o técnico do Santos. O casamento entre clube e treinador, estremecido ao longo de toda a Série B do Campeonato Brasileiro, chegou ao fim nesta segunda-feira, 18, após reunião realizada entre as partes. A decisão ocorre um dia após o técnico ser hostilizado e vaiado durante a cerimônia de premiação pelo título da competição nacional.
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O contrato de Carille havia sido estendido recentemente até o fim de 2025, de forma automática, previsto por cláusula contratual em caso de acesso, mas foi rompido pela diretoria do clube.
Sem o profissional, o Santos começa a pensar em nomes para a próxima temporada. Recentemente, os portugueses Pedro Caixinha e António Oliveira foram especulados. O argentino Jorge Sampaoli, que trabalhou na Vila em 2019, era o maior desejo, mas acertou com o Rennes, da França.
Apesar do título da competição, do retorno à Série A e do vice-campeonato paulista, a relação entre Carille com a maior parte da torcida santista foi minada por más atuações, decisões questionáveis, a pouca utilização de promessas das categorias de base, a quase ida para o rival Corinthians e respostas controversas em entrevistas – a última delas quando minimizou a pressão vivida no Santos, comparando com a enfrentada enquanto trabalhava como auxiliar técnico do rival, em 2011.
“Não é só vocês que veem [que o torcedor não está feliz com futebol do Santos], eu também vejo. Tudo pode acontecer no futebol, já vi cada reviravolta… Pressão maior que a de 2011, da derrota do Corinthians para o Tolima e a continuidade do Tite… Vocês não sabem o que é pressão”, rebateu na última entrevista coletiva.
Questionado na mesma se “existia clima” para permanecer, ele foi curto: “segue indefinido”. Nesta segunda, 18, ao canal do André Hernán, Carille voltou a falar sobre a declaração:
“Não foi nada de comparação, foi um fato que eu vivi. Poderia na entrevista ter falado de 2021, que foi muito maior. Perdemos um jogo para o América Mineiro em casa e parecia que a Vila ia para o chão, foi pesado. O Jean é expulso no primeiro tempo. Na cabeça fui lembrar de um fato, citei esse e na hora falei. Mas nada de comparar, longe disso”, explicou.
Ele também tocou em outro ponto importante, sobre as negociações com o Timão: “hoje é algo que não me arrependo, mas trago como aprendizado. Não havia nada oficial, nada para eu chegar e dizer: ‘olha, agradeço ao Corinthians, mas vou continuar no Santos’. E daqui a pouquinho o Corinthians solta uma nota e o Fábio se passa por mentiroso. Então realmente eu e o Paulo [Pitombeira] poderíamos ter agido diferntes. Não chegou nada para eu me posicionar, a partir daí houve a mudança da torcida comigo. nem com as quatro derrotas no primeiro turno, sem seis jogadores, foi tanta pressão. Não foi a maior pressão”, explicou.
Carille foi tratado como prioridade pelo presidente Augusto Melo após a saída de António Oliveira. O clube manteve conversas com representantes do treinador e chegou a congelar as negociações com Ramón Díaz, atual comandante, pelo desejo de um acordo.
Pesou também contra o treinador a pouca utilização de jovens da base. Apesar da titularidade mais recente de jogadores como o lateral-direito JP Chermont e o zagueiro Jair, cobiçado pelo futebol europeu, havia enorme peso contra ele por poucas chances principalmente ao meio-campista boliviano Miguelito, em alta na seleção de seu país.
O ponto mais sensível da relação com o atleta foi quando o meio-campista Giuliano disse que faltava intensidade ao companheiro, em entrevista concedida ao lado do treinador. Carille ainda saiu em defesa do experiente atleta alegando que o camisa 20 “não ficou em cima do muro” e “sempre ajuda os mais jovens”.
Durante a competição, o Peixe chegou a ter ameaçada sua permanência no G-4 durante o primeiro turno, quando sofreu quatro derrotas consecutivas, e na segunda parte do campeonato, em uma sequência de quatro jogos sem vencer – uma derrota e três empates.
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Essa é a segunda passagem do treinador pela Vila Belmiro. Em 2021, ajudou a livrar a equipe do rebaixamento à Série B, mas acabou demitido em 2022 durante a fase de grupos do Paulistão. No retorno, comandou o time em 53 jogos, com 30 vitórias, 10 empates e 13 derrotas.