O Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação da diplomação do prefeito eleito de Sorriso, Alei Fernandes (União) e seu vice, Acácio Ambrosini, por esquema de caixa 2. Conforme a denúncia, assinada pelo promotor Márcio Florestan Berestinas, eles receberam doações não declaradas, inclusive de pessoas jurídicas, e utilizadas em benefício da campanha.
As investigações tiveram início quando o agricultor Nei Francio, que segundo apurado pela Polícia Federal, exercia importante papel na coordenação financeira da campanha dos então candidatos, foi preso carregando R$ 300 mil em espécie em uma Toyota Hilux adesivada com propaganda eleitoral de Alei e Acácio.
Três dias antes das eleições, o dia 03 de outubro, Nei tentou fugir da abordagem durante a fiscalização da PRF, desobedecendo à ordem de parada. Ele foi interceptado e os policiais fizeram buscas no veículo e localizaram o valor, que o agricultor não sabia especificar a origem. Nesta semana, ele foi um dos principais alvos da Operação Rustius, que investiga o esquema de caixa 2.
Durante as investigações, a polícia conseguiu a quebra judicial do sigilo de dados do telefone de Nei, onde foram encontrados que, segundo a denúncia do MPE, confirmaram a existência de um esquema de caixa 2 para favorecer a campanha dos candidatos Alei e Acácio.
Ainda segundo a denúncia, baseada nas investigações da PRF, Nei não só ocupava exercia importante papel na campanha do prefeito eleito, como contava com a colaboração de Gilson Fernandes, irmão do candidato Alei Fernandes, Paulo César Lucion, Atílio Elias Rovaris, Valdir Daroit, Silvana Cristina Scarton, Antônio Cézar Neto (Toninho), César Roberto Shevinski, Iraci Carlos Camicia.
Observou-se que através de trocas de mensagem que Nei mantinha contatos e realizava reuniões com inúmeros empresários para angariar doações não documentadas para abastecer o caixa 2 da campanha. Em uma das conversas, Atílio Elias Rovaris pede para que o agricultor vá até Várzea Grande buscar um "envelope" e levar de volta para Sorriso.
A Polícia Federal apurou ainda que A pessoa de Atílio Rovaris era um dos principais articuladores da campanha de Alei Fernandes. Ele solicitou que o envelope deveria ser pego por Nei com a pessoa de Wendel e, em seguida, passou o contato de dele para Nei.
Então, Nei foi até Várzea Grande e pegou na sede da empresa L R. Diesel Comércio de Peças Ltda, com Wendell José de Souza, 300 mil reais em dinheiro vivo, dinheiro esse que acabou sendo encontrado pela Polícia Rodoviária Federal no veículo de Nei e apreendido pela Polícia Federal.
Além disso, nas conversas, Nei e os seus interlocutores falam sobre doações não quentes em dinheiro vivo, ou seja, dinheiro para o caixa 2, utilizado na campanha dos requeridos. Em uma troca de mensagens, o agricultor ainda sugere o diálogo mantido seja apagado ao fim da conversa.
Conforme a denúncia, a Polícia Federal apurou também que, embora não tenha feito doações diretas para campanha de Alei e seu vice, Nei usou seus filhos como laranja para realizar doações para várias campanhas do município, sendo que o dinheiro vinha, na verdade, de pessoas jurídicas administradas por ele.
"A utilização de “caixa 2” para receber doações e custear despesas da campanha eleitoral configura abuso do poder econômico, afetando a moralidade das eleições, a paridade das condições de disputa entre os candidatos e a lisura do pleito”, destacou o promotor.
Diante disso, o MPE requerei que "seja efetuada a cassação do registro ou da diplomação dos requeridos Alei Fernandes e Acácio Ambrosini, em razão da prática da ocorrência de abuso do poder econômico, em decorrência da captação e gastos ilícitos de campanha (“caixa 2” e doações de pessoas jurídicas) e da extrapolação do limite de gastos para a campanha de Prefeito em Sorriso; à luz do já citado artigo 22 da LC 64/90".
E solicitou também a inelegibilidade de Alei e Acácio por 8 anos, contados da data da realização das eleições municipais de 2024, além de providências para a realização de novas eleições para os cargos eletivos de Prefeito e Vice-Prefeito em Sorriso.
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Procurada pela reportagem, as equipe jurídicas e de comunicação do prefeito eleito não se pronunciaram. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
Confira captura de tela de troca de mensagens entre Nei e Atílio: