As dificuldades, segundo o professor Catalano, são o que mais motiva a criação de projetos inovadores.
“Não conseguimos fazer nada isoladamente. Uma coisa é melhorada enquanto a outra piora. É aquele puxa de lá, puxa de cá. Por isso, trabalhar na área de otimização multidisciplinar é excitante.”
Testes em túneis
Antes de produzir um avião, parte dos testes são feitos em computadores. Em seguida, uma miniatura precisa ser testada em um túnel de vento. No ambiente controlado do túnel, o vento passa como se o modelo, que fica parado, estivesse voando. Nessa etapa, uma balança mede o arrasto, a sustentação e outras forças que atuam sobre o protótipo em escala menor.
Dessa forma, é possível simular a aeronave subindo, descendo, virando, rolando e em outras condições. Os pesquisadores também medem a pressão exercida na asa e visualizam o escoamento de ar, o que permite corrigir efeitos não previstos nas simulações computacionais.
O projeto atingiu o nível três no Technology Readiness Level (TRL), uma escala desenvolvida pela Nasa para avaliar a maturidade de uma determinada tecnologia. Quando atinge o nível quatro, o mais alto alcançado exclusivamente pelas universidades, a tecnologia precisa ser submetida a testes pela indústria.
Atualmente, a EESC desenvolve quatro projetos com a Embraer. O sucesso completo é alcançado no nível nove do TRL, quando a tecnologia está implementada e é comprovadamente eficaz, um processo que normalmente leva de 10 a 15 anos.
O Brasil é um dos poucos países que concebe, projeta, constrói, certifica e vende aviões comerciais. De acordo com a plataforma alemã Statista, a indústria aeronáutica brasileira foi a 11ª maior exportadora do mundo em 2021, à frente das de Israel, Países Baixos, Suíça e Japão.
Metas ambientais
Em 2022, ainda como menor demanda devido às políticas de covid-zero em países como a China, a aviação foi responsável por 2% de todas as emissões de gás carbônico relacionadas à produção de energia no mundo, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).
Embora seja um percentual pequeno do total, o impacto é maior porque os aviões liberam vapor e gases de efeito estufa próximos à camada de ozônio. Nas estações úmidas, os aviões deixam um rastro de fumaça formado majoritariamente por vapor d’água. As nuvens formadas assim, cheias de fuligem de querosene, têm um efeito estufa quatro vezes maior que a camada de CO?. Isso poderia ser evitado com biocombustíveis que produzem fuligem diferente, capaz de resfriar do globo terrestre.
De 1990 a 2019, a liberação desses gases pelas aeronaves cresceu 2,3% ao ano, superando o aumento dos transportes ferroviário, rodoviário e marítimo. Em valores absolutos, os gases emitidos pelos aviões em 2022 correspondem a 80% do nível pré-pandêmico, que deve ser ultrapassado até 2025 com a volta gradual dos voos internacionais.
A eficiência do combustível na aviação melhorou 1,8% ao ano graças à introdução de aeronaves e motores mais eficientes entre 2010 e 2019. Para alcançar o objetivo de neutralidade de carbono estabelecido pela AIE em 2050, a eficiência precisa crescer a uma média de 2% ao ano, de acordo com a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), entidade das Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pelas atividades de transporte de pessoas na aviação mundial desde 1947.
O professor Catalano explica que, embora não seja possível deixar de emitir poluentes, as plantações usadas na produção de combustíveis aliadas a uma maior eficiência dos aviões podem compensar o desequilíbrio de gases do efeito estufa presentes na atmosfera. “A meta de emissão zero na aviação em 2050 significa que ela será sustentável, com tecnologias de baixa assinatura de carbono, como biocombustíveis, hidrogênio verde e propulsão elétrica, por exemplo.”
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Ele acrescenta que, através das inovações tecnológicas, é possível aumentar o tráfego aéreo, diminuindo a poluição. “Se nós agirmos mesmo, essa queda vai acontecer. Se não agirmos, as emissões vão sempre subir exponencialmente.”
Informações da USP
Postado por Juliano Gianotto l Aeroin